Informativo 1999-02

Ano 1

Número 2

Fevereiro 1999

Cleoniceras sp., um amonóide do Albiano inferior de Sergipe (cerca de 110 milhões de anos - Formação Riachuelo)

Preservação da cultura paleontológica brasileira

A primeira fundação brasileira voltada à preservação do patrimônio paleontológico do Brasil

Fundação Paleontológica Phoenix é uma entidade sem fins lucrativos, em fase de constituição, já aprovada pela Procuradoria do Ministério Público do Estado de Sergipe.

A Fundação é constituída por um corpo técnico-científico concentrado principalmente nas áreas de Geologia e Biologia, possuindo como finalidade organizar e administrar coleções científicas nas áreas de paleontologia, geologia e biologia, de modo a preservar e disponibilizar material científico para pesquisas futuras e também dar apoio à pesquisa científica e ao ensino nestas áreas.

A criação desta fundação é fruto da necessidade de se preservar o rico patrimônio fossilífero existente nos Estados de Sergipe e Alagoas, parcialmente inclusos nos domínios geológicos da bacia sedimentar de Sergipe-Alagoas, e que constitui um dos registros mais antigos da abertura e evolução do Atlântico Sul a partir do Cretáceo.

O principal objetivo da Fundação é criar um museu onde o patrimônio fossilífero dos Estados de Sergipe e Alagoas e também de outras regiões do Brasil possa ser exposto, divulgando a importância que representa para as ciências.

O que são fósseis

A origem da palavra fóssil está no latim Fossilis, que significa o que se tira da terra. O termo foi originalmente aplicado aos objetos existentes abaixo da superfície da terra, inclusive os objetos arqueológicos.

Hoje em dia o termo é utilizado exclusivamente para denominar quaisquer evidências pré-históricas de organismos que ficaram preservadas nas rochas.

Ao definir-se fósseis desta maneira, ou seja, como evidências pré-históricas, limita-se a aplicação do termo para períodos do tempo geológico anteriores à história humana, separando dois ramos das ciências normalmente confundidos: a PALEONTOLOGIA e a ARQUEOLOGIA.

Um fóssil pode ser, por exemplo, fragmentos de ossos de um animal, as impressões de suas pegadas nos sedimentos, folhas, troncos e frutos de plantas, inclusive suas impressões, conchas de invertebrados, perfurações feitas por organismos, ou mesmo inusitadas formas microscópicas, como pólens de plantas, protozoários, fragmentos de algas, fungos, etc.

Trilha fóssil de iguanodonte sobre sedimentos fluviais, bacia do Rio do Peixe, Cretáceo Inferior (cerca de 140 milhões de anos). Fazenda Passagem das Pedras, Sousa, Paraíba (foto: Wagner Souza Lima).

As rochas sedimentares são as mais adequadas para se encontrar os fósseis. Estas rochas derivam de sedimentos depositados em depressões na superfície da Terra denominadas de BACIAS SEDIMENTARES. A bacia sedimentar de Sergipe-Alagoas é um exemplo.

Normalmente a preservação de um organismo como fóssil é facilitada quando este possui alguma parte dura, como ossos, concha ou uma carapaça. As partes moles raramente são preservadas, pois são rapidamente decompostas antes de serem soterradas pelos sedimentos.

Existem vários processos envolvidos na transformação de um organismo em um fóssil. Um dos mais comuns é a substituição do material orgânico original por minerais. Estes minerais, dissolvidos em soluções aquosas, percolam através dos restos do organismo, dissolvendo o material original (uma concha, por exemplo) e precipitando o mineral em seu lugar. Costuma-se denominar este processo de PETRIFICAÇÃO. Entretanto, nem todos os fósseis são submetidos a este processo. Um exemplo são os insetos e outros pequenos animais preservados no âmbar, originalmente um tipo de resina gerada por pinheiros pré-históricos.

Nos próximos números continuaremos a falar sobre os fósseis e sua importância para a ciência.